Uma vida sem sofrimentos, uma vida sem sentido
25 de julho de 2022Quid Est Veritatis ou A Grande Ilusão Progressita
25 de julho de 2022A história da humanidade é permeada de acontecimentos que aparentemente são sem significados para os homens, entretanto, sabemos que, à luz da fé, nada é insignificante para aqueles que praticam essa virtude em grau elevado ou ao menos com um contínuo esforço de mantê-la acesa, pois Nosso Senhor Jesus Cristo disse que nenhum fio de cabelo cai sem que Ele saiba e permita, portanto, não é crível que os acontecimentos com mais repercussão na história não tenham um significado.
Esse significado pode se dividir em duas espécies: os significados naturais ou terrenos e os sobrenaturais. Desde as grandes guerras até a história dos personagens mais relevantes é possível perceber que esses acontecimentos são permeados de significados naturais e, sobretudo, ao longo do tempo, é perceptível os significados sobrenaturais.
A fim de se restar comprovado o que até aqui foi dito basta pegar a história do antigo e do novo testamento onde as intenções de Deus para com o homem partem de um acontecimento que iniciou-se no Céu. O “non serviam” de lucifer e o “quis ut Deus” de São Miguel com certeza foi um dos acontecimentos que mais repercutiram tanto na vida sobrenatural quanto na vida terrestre.
Seguindo a hierarquia católica, não é digno afirmar que os acontecimentos terrestres repercutem no mundo sobrenatural, mas sim o contrário: que os acontecimentos sobrenaturais repercutam aqui na Terra, ficando os daqui subordinados aos de lá, visto que Deus é princípio de todas as coisas e a Causa de todas as causas.
Antes do desenrolar dos acontecimentos terrenos, quando ainda se davam fora do tempo algum anjo talvez pode ter pensado: o que está nos incriados de Deus que Ele ainda não externou? Que maravilhas ainda podem sair desse Criador que já nos cumulou de tantas excelsitudes?
Hoje pode-se dizer que essas perguntas já foram respondidas através da criação do homem, da criação de Nossa Senhora cuja natureza é humana, porém, cuja dignidade está acima da dos anjos e, principalmente, da encarnação do Verbo Eterno, motivos esses da revolta dos anjos decaídos.
Diante disso, um pensamento pode ser extraído: todo acontecimento de alguma forma faz parte do poder criador de Deus, porque tudo existe a partir de Deus e dentro d’Ele.
Ao dar o passo inicial da criação, Deus fez desencadear uma história em que as três pessoas da Santíssima Trindade fossem glorificadas (o que não podia ser diferente para que Sua glória fosse plena).
Assim, no Antigo Testamento, caracterizado pelos patriarcas e profetas, Deus Pai tem protagonismo maior, visto que o Espírito Santo não havia ainda sido revelado aos homens e o Filho estava apenas sendo anunciado.
Com a vinda de Jesus à terra, iniciou-se uma nova fase, na qual o Filho de Deus assumiu o protagonismo da História com a redenção dos homens e a Instituição de Sua Igreja, a Católica.
Com isso, fica a indagação: quando será a fase de protagonismo do Espírito Santo? O que marcará essa nova fase na história da humanidade?
Certamente a fase em que o Espírito Santo assume papel mais relevante não aconteceu, isso porque ainda vivemos na etapa em que a Misericórdia de Deus é exercida com mais evidência através dos Sacramentos. Mas isso não seria suficiente para afirmar que tal mudança ainda não ocorreu.
Na mudança do antigo para o novo testamento o que foi fator determinante para isso foi a vinda de Cristo, mas antes de Jesus nascer os profetas já prenunciavam a vinda de Jesus e, consequentemente, a inauguração do novo testamento. Na mudança do novo testamento para a fase onde o Espírito Santo assume o protagonismo não há ainda um fato que determine essa mudança, mas é de se crer que haverá. Mesmo que o fato em si mude o regime das coisas, como Jesus mudou do Antigo para o Novo Testamento, aqueles que tinham fé já vislumbravam a chegada do novo testamento e, com vistas a isso, já viviam de certa forma como se o Messias já estivesse vindo.
Ora, por mais que não saibamos quando se dará esse marco, fato é que uma nova mudança está por vir e por que não agir e viver com vistas a essa nova mudança? É algo a ser meditado que pode nos garantir os méritos que os novos Simeões terão.
Por mais que não se saiba quando se iniciará a fase do Espírito Santo na história humana, é certo que ela está por vir, porque, comparando-se a História de Cristo com a sua esposa, a Igreja, esta uma só carne com Cristo, percebe-se que ela vive o seu calvário e, portanto, passará também pela crucificação para depois ressurgir, conforme profetizou Nossa Senhora do Bom Sucesso em Quito no século XVI.
Fazendo uma parca comparação, analisando a situação em que o mundo e a Igreja estão vivendo, não fica difícil concluir que a Igreja acabou de receber o beijo da traição e já está sendo vilipendiada como Jesus foi antes de ser crucificado. Basta ver a ausência de Sacramentos nesse mundo de pandemia e a inércia e omissão daqueles que deveriam zelar pelo seu rebanho. Será que a Igreja está chegando à hora de sua morte? Ao que parece o beijo da traição da Igreja não foi dado só por um.
Para tentar entender melhor os acontecimentos atuais, é necessário nos ater a ordem da criação e ao próprio Deus. No Antigo Testamento Deus Pai fez uma aliança com os patriarcas. No Novo Testamento Jesus Cristo se entregou por sua esposa mística, a Santa Igreja e o Espírito Santo tem como sua esposa a Santíssima Virgem. Ora, se o berço do Antigo Testamento foi com os patriarcas, o advento do novo pela entrega de Cristo pela Sua Igreja, a vinda do Espírito Santo se dará pelas mãos de Maria Santíssima.
Aquela que sustentou a Igreja enquanto seu Filho descia à mansão dos mortos e abria a portas do Céu, é a que também sustentará a Igreja quando esta parecer morta, porque, por mais que a aparência seja de derrota da Verdade, as circunstâncias atuais nos impelem a acreditar que está por perto a etapa da história em que as graças infundidas pelo Espirito Santo, através de Sua Esposa, Maria Santíssima, permeará a humidade. “Por fim o Meu Imaculado Coração triunfará”.
O que é preciso saber então? Que muito sofrimento ainda está por vir através dos acontecimentos terrenos até que a Santa Igreja ressurja e, por isso, a confiança será a virtude mais necessária e que só será obtida em alto grau por aqueles que buscarem uma união íntima com a Virgem Santíssima, pois Ela é a esposa D’Aquele que renovará a face da Terra e é a chave para o advento do período mais agraciado da história: o reino do Espírito Santo por intermédio de Maria.